terça-feira, 6 de outubro de 2015

O que fizemos com nossas crianças?

Você já reparou no sorriso de uma criança? Não digo um olhar instantâneo do vislumbre de dentes tortos, ou sujos. Mas um olha questionador, repare na simplicidade momentânea que os fazem felizes por completo, mesmo dentro de situações tão devastadoras que a felicidade parece apenas uma utopia tão distante. As crianças estarão lá risonhas seu pequeno e inocente coração completo transbordando de uma felicidade inexplicável.
Há quem diga que aqueles pequenos seres não entenderam as dificuldades da vida, que são tolas ou loucas, irracionais de mais para entender. Serão elas mesmas que não compreenderam o motivo pelo qual viemos ao mundo, seja pela infinidade do ser pela qual fatidicamente estamos destinados a reviver, ou uma única momentânea vida que se esvanecesse tão precocemente quanto nasce.
É comum na idade adulta o momento de percepção e explicitação do mundo como uma selvageria, a inocência não cabendo mais a ninguém, todos tendo de resignar de suas essências se a intenção for sobreviver, a busca incansável do seu encaixe em meio a um quebra-cabeça infindável, conforme os anos se vão, há menos pessoas em quem confiar menos lugares onde estar, aos poucos e lentamente toda aquela felicidade da infância é consumida. Será a racionalidade do ser, uma completa devastação vil e nefasta de todas as utopias irracionais da infância? A racionalidade extrema está intrinsecamente ligada a mecanização do ser, que erudição é essa que nos resignou uma das premissas da vida, a felicidade completa? É na loucura que podemos reencontra-la, aquela que apenas as crianças e os demasiados velhos possuem, o primeiro por sua inocência, o segundo por sua capacidade de se perder em pensamentos, é a forma mais segura de fazer a mente como abrigo, dos pensamentos seu melhor amigo. Devaneios nos fazem mais humanos. Afinal quem nos disse que todos os privilégios da idade adulta, podem substituir os privilégios da infância?


Autoria: Alicia Vanity 





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